sábado, 21 de setembro de 2013

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Mais uma breve reflexão sobre o batismo

Resenha da Carta Pastoral sobre os sacramentos (Carta Pastoral da Igreja Metodista).

Nome: Guilherme Estevam Emilio – Ponto Missionário da Igreja Metodista em Sumaré.

Carta Pastoral sobre os Sacramentos

Introdução
Diante de um cenário religioso diferente do contexto em que viveu João Wesley, a Igreja Metodista, por meio do Colégio Episcopal (2001), decidiu elaborar uma Carta Pastoral sobre os Sacramentos. Num contexto em que poucos evangélicos sabem o que significa “sacramento”, quais são os dois sacramentos protestantes que se mantém na tradição protestante e quais os demais sacramentos católicos que não se mantiveram, fez-se necessário orientar a Igreja Metodista sobre o assunto.
Os protestantes concebem os sacramentos como “sinais visíveis da graça invisível de Deus”. Sinais esses de uma obra que já foi feita por Jesus e que, quando atualizada por nós e em nós, traz à tona símbolos concretos de sua concreta existência.
A problemática da Carta Pastoral, relevada em nosso contexto, consiste no fato de que muitos pentecostais e neopentecostais tem nos criticado por duas razões simples: a) porque batizamos crianças; e b) porque aceitamos as três formas de batismo. Para eles, crianças não podem ser batizadas, e o batismo só pode ser válido se feito por imersão. Isso porque eles estão inseridos numa tradição anabatista e batista que considera que a criança não tem fé para ser batizada e, ao mesmo tempo, é demasiadamente pura para ser regenerada e purificada. Como se sabe, os batistas crêem que no ato do batismo acontece a própria regeneração e que, para se batizar, é necessário, antes, confissão de pecados e arrependimento. Isso nos põe diante de um impasse, pois, para os protestantes históricos, a graça de Deus precede o batismo, e a mudança de vida sucede o batismo; não o contrário, como defendiam os anabatistas.
Essa discussão entre anabatistas e pedobatistas existe há muitos séculos e até hoje perdura. Por um lado, alguém diz que o batismo é a própria regeneração e que para ser regenerado é necessário confessar os pecados ao Senhor Jesus; por outro, diz-se que o batismo é sinal de graça, e não a própria regeneração, que deve ser realizado naqueles que participam do Corpo de Cristo e do Reino de Deus. Afinal, o que os metodistas têm a dizer diante dessa controvérsia?

1 A posição Metodista sobre o batismo
De saída, os autores da Carta Pastoral expõem que o batismo, na nova aliança em Cristo, substituiu o sinal de pacto com Deus que a circuncisão representou no Antigo Testamento: “Nele também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo; tendo sido sepultados juntamente com Ele no Batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos” (Cl 2.11-12). Esse argumento, apesar de não constar essa informação na carta pastoral, fora um argumento importante utilizado por Calvino em suas Institutas para convencer os anabatistas da Suiça a adotarem o pedobatismo. Calvino compreendia que a mudança de vida sucede o batismo, e não o contrário, como defendiam os anabatistas.
Os batistas de hoje insistem que, caso o argumento da circuncisão seja rejeitado, já não temos mais razões para cremos no batismo infantil. No entanto, a Igreja Metodista elaborou um importante documento mostrando uma série de argumentos favoráveis ao batismo infantil. Ademais, a igreja também argumentou em favor da pluralidade de formas de batismo.
Segundo os Cânones da Igreja Metodista, “o Batismo é sinal visível da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual nos tornamos participantes da comunhão do Espírito Santo e herdeiros da vida eterna”. Ele é realizado “com água, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, com aspersão (aplicando água com a mão sobre a cabeça do batizando), derramamento (com ambas as mãos, derrama-se água sobre a cabeça do batizando, estando este, geralmente, com parte do corpo dentro da água) e imersão (o batizando é submergido na água). Com efeito, a Igreja Metodista reconhece como válido as três formas de batismo.
A Carta Pastoral sobre os sacramentos divide-se em dois momentos, a saber: a parte sobre o batismo e a parte sobre a Ceia do Senhor. Veremos, contudo, apenas a parte sobre o batismo.
A)    Batismo no Antigo Testamento

1.                  As águas eram utilizadas, no Antigo Testamento, nos rituais de purificação de pecado, ex.: o banho que o sacerdote tomava no lugar santo antes de oferecer holocausto (Lv.16.15-28).
2.                  Ezequiel diz que toda a cidade de Jerusalém, inclusive crianças e mulheres, deveria ter sido lavada com água para a purificação, quando ela foi conquistada pelos judeus.
3.                  Uma família purificada não aceitava nenhum membro impuro, seja criança ou escravo. E, portanto, todos deveriam ser purificados.
4.                  Havia três exigências àquele que adentrava à comunidade judaica: a circuncisão, o batismo e a oferta de sacrifício. Isso começou no período pós-exílico.
5.                  O Talmud, um dos principais documentos judaicos que discute as leis da Torah, alega que as pessoas eram batizadas na infância, antes dos doze anos, com autorização dos pais e da sinagoga.

B)    Batismo no Novo Testamento

1.      Os primeiros convertidos, em Atos, levavam toda sua família para ingressarem na fé cristã. Lídia, por exemplo, foi batizada com toda a sua casa (At 16.15); o carcereiro se converte e todos os seus são batizados (At 16.33).
2.      Na Igreja em Corinto, Estéfanes e sua casa foram batizados por Paulo. Ademais, Crispo e toda a sua família também o foram (At 18.8).

C)    Principal argumento batista
As crianças não podem exercer uma pessoal em Jesus Cristo, aceitando-o como Senhor e Salvador, e por isso não devem ser batizadas. Texto bíblico: Marcos 16.16: “Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer será condenado”.
D)    Objeções Metodistas
O texto pode ser usado para falar sobre o batismo infantil? Não, pois Jesus está se referindo a adultos que ouvem, entendem e rejeitam o Evangelho, não se trata de crianças.
E o que Jesus fala sobre as crianças?
“Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis porque dos tais é o Reino de Deus” (Mc 10.13). Essa afirmação de Jesus mostras que as crianças são membros do Reino de Deus e, além disto, padrão para ingresso no Reino. Por isso, Jesus disse: “Qualquer que receber, em meu nome, uma criança tal como esta, a mim me recebe”.
Questão: Diante disso, perguntamos como Pedro o fez aos seus companheiros na casa de Cornélio: “Porventura pode alguém recusar a água, para que sejam batizados estes que, assim como nós, receberam o Espírito Santo?” (At 10.47). Com efeito, como negar o batismo às crianças quando Jesus declara que delas é o Reino? Não é o batismo um ritual simbólico de iniciação na comunidade do Reino de Deus: a Igreja?
Além dessas questões levantadas na Carta Pastoral, poderíamos fazer muitas outras objeções. O texto bíblico de João 3.18 diz que quem não crê em Jesus já está condenado, referindo-se ao presente. Se entendermos que a criança não é capaz de crer em Jesus, nesse caso, também deveríamos considerá-la condenada, já que julgamos que ela não crê o suficiente para ser batizada. No entanto, como alguém que não crê pode ser portadora do verdadeiro louvor a Deus? Parece que o argumento batista tira o sentido das palavras de Jesus sobre as crianças, deixando a entender que elas são piores do que aqueles que têm melhor capacidade de compreensão. Será que a fé depende da compreensão ou a compreensão depende da fé? Segundo a tradição protestante, a fé é dom de Deus, pois: “pela graça somos salvos por meio da fé, isso não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.9).
Enfim, não há sentido em negar um sacramento a uma criança pela fato dela não poder compreender a graça de Deus, já que:
a) a compreensão não significa fé verdadeira;
b) não podemos delimitar a idade certa que uma criança está apta a compreender;
c) não temos subsídios bíblicos para delimitar o ano que a criança poderá ser batizada, pois a Bíblia não proíbe o batismo infantil;
d) há mais elementos bíblicos favoráveis ao batismo infantil do que contrários;
e) o batismo de Jesus – exemplo usado pelos batistas – foi realizado somente quando ele tinha 30 anos e, portanto, não se deve batizar antes dos 30, quando se utiliza esse tipo de argumento;
f) o batismo de Jesus não deveria ser para purificação dos pecados, já que Jesus não tinha pecados, mas para cumprir a Lei.
g) Ao imitarmos a mãe de Jesus apresentando uma criança ao Senhor, deixamos de imitá-lo integralmente, pois Jesus foi circuncidado também ao oitavo dia e nem por isso devemos nos circuncidar.
Diante disso, dificilmente poderíamos sustentar qualquer argumento batista que tentasse utilizar a Bíblia para negar o batismo infantil, pois, como já mostramos, há muitos textos que, implicitamente, supõem o batismo infantil ao dizer que “todos da sua casa foram batizados”. Caso contrário, a Bíblia teria sido clara, especificando aqueles aos quais deveríamos negar o batismo ou colocando alguma oração coordenada adversativa.
A Igreja Metodista, com efeito, assume oficialmente que é favorável ao batismo infantil e, no que diz respeito à forma do batismo, reconhece como válido o batismo por aspersão, por derramamento e por imersão.

2.     Argumento Batista e contra-argumento Metodista
Os imersionistas baseiam-se no sentido da palavra grega “baptizo” que quer dizer “imergir”. Argumentam também que a narrativa do Batismo de Jesus, que diz “no rio Jordão” e “ao sair da água” indica que o batismo foi imersão. Se admitirmos esse argumento, seremos obrigados a crer que tanto o batizando como o oficiante deveriam, ambos, imergirem, tomando por base o relato do batismo do eunuco por Felipe (At 8.38), pois o texto diz que “ambos desceram às águas” e que “ambos saíram das águas”. Ora, se isto quer dizer que o Eunuco foi mergulhado, então Felipe também mergulhou. Com efeito, cada fez que o oficiante celebrar um batismo deverá também imergir juntamente com o batizando.
A força desse argumento favorável somente à imersão está no sentido do nome grego. No entanto, a palavra grega baptizo tem diferentes usos e sentidos na Bïblia, como por exemplo em Lc 11.37-39, que faz referência à lavagem cerimonial das mãos e dos pés; em Mc 7.1-7, referindo-se à lavagem de copos, jarros e vasos; em I Co 10.2, em que Paulo descreve a passagem dos filhos de Israel pelo mar como sendo um batismo na nuvem e no mar. No entanto, a lavagem de jarros, das mãos e dos pés é um tipo de lavagem, não uma imersão. Ademais, os judeus atravessaram o mar com pés secos, como diz o texto de Êx 14.29. Com efeito, parece evidente que o uso bíblico do termo “baptizo” não tem sentido de imersão. E, portanto, não basta apenas utilizar o significado do termo para defender uma forma exclusiva de batismo, pois o próprio termo, quando usado na Bíblia, aponta para outras formas.
No Antigo Testamento, o batismo era um símbolo de purificação de pecado e poderia ser feito também por aspersão (Jo 2.6). No Novo Testamento, quando foram batizados três mil pessoas em Jerusalém, numa região onde a água era escassa e proveniente de poços, dificilmente as pessoas teriam sido batizadas por imersão.
 Wesley afirma: “pela lavagem, imersão ou aspersão, porque a Escritura não determina qual destes meios ser usados, quer por preceito expresso, quer por um exemplo claro que o provê, quer ainda pela força ou pelo significado da palavra batizar...” (Coletânea da Teologia de João Wesley, p.273).
3.     Contra-argumento protestante
Para Lutero, o batismo é o grande testemunho da salvação pela graça. Nos Catecismos Maior e Menor e na obra chamada Cativeiro Babilônico, Lutero apresenta didaticamente como se deve batizar as crianças e os argumentos revelando que Deus aprova o batismo infantil. Lutero diz que não é a fé que confere eficácia ao ato batismal, mas a Palavra de Deus. Ele se opõe aos entusiastas que condicionam a eficácia batismal à fé e argumenta: “... se eu não creio, segue-se que Cristo nada é...”, neste sentido ele antepõe a própria fé, a revelação de Deus em Cristo e a graça sem as quais não haveria no que se crer, e mostra que o batismo é um sinal visível da graça de Deus.
4.      A responsabilidade dos pais e da igreja para com as crianças

A Carta Pastoral termina essa primeira parte sobre o batismo afirmando que os pais e a igreja local devem assumir a responsabilidade e o compromisso de zelar pela vida espiritual das crianças que são batizadas.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Uma Defesa do Batismo Infantil

Rev. Francisco Belvedere Neto 

Tenho reparado no meio metodista uma resistência grande de muitos pais em batizar os seus filhos. Muitos dizem que preferem que os filhos “escolham” no futuro. Mas seria isso uma posição coerente com a de pais cristãos? Na verdade o que está por trás disso é o forte discurso anabatista do evangelicalismo brasileiro. Classifico como “anabatista”, por utilizar os argumentos do grupo da reforma radical que se opunha ao batismo infantil, negando a natureza sacramental do batismo e afirmando que este era e apenas para os que crêem. Essa posição era antagônica ao posicionamento dos principais reformadores que sempre reconheceram ser bíblica e histórica a pratica do batismo infantil.
O fato é que a postura dos que podemos assim chamar de “credobatistas”, ou seja, que só aceitam o batismo de crentes (já que chamá-los de anabatistas seria um anacronismo), é uma postura apologética e proselitista. Ou seja, além de polemizarem e defenderem arduamente a questão, se empenham em tratar de “converter” os outros ao seu ponto de vista.  Muitos por  terem pouco ou nenhum conhecimento do assunto, acabam cedendo ou ficando em dúvida.  Vamos ver alguns argumentos dos credobatistas contra o batismo infantil:

1. Crianças não podem ser batizadas porque não podem crer.

Esse argumento é geralmente baseado em  Marcos 16.16:  Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenadoQuem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
     Bem, se interpretarmos esse texto dessa maneira, então teremos que chegar a conclusão de que todas as crianças que morrem estão condenadas ao inferno, pois elas não têm condições de exercer fé pessoal em Jesus como seu Senhor e Salvador pessoal. Então, alguém há de argumentar, que está escrito em Lucas 18.16,17: Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como menino, não entrará nele.
Por isso mesmo, podemos e devemos batizar as crianças. Elas são mais dignas de receberem o sacramento do batismo do que um adulto. Excluí-las do batismo pelo fato de elas não crerem, implica em excluí-las da salvação também.
No antigo testamento a circuncisão simbolizava uma aliança com Deus. Deus disse a Abraão: Genesis. 17.10- 14  Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.
E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós. O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência. Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua. E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança.
Notemos que a circuncisão era uma aliança que se fazia com Deus. E quem não se submetesse a ela seria punido, por quebrar a aliança. É interessante notar o paralelo feito entre a circuncisão e o batismo: Colossenses. 2.11,12: No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo; Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.
Assim como a circuncisão era símbolo da inclusão na antiga aliança, o batismo tornou-se o símbolo da inclusão na nova aliança. As crianças, filhas dos israelitas, já eram incluídas, por ordem do próprio Deus, na aliança, mesmo sem poder escolher se queriam ou não, ser incluídas na aliança. Se as crianças eram incluídas na antiga aliança, não há razão para afirmar que elas estejam excluídas da nova, sendo que está firmada em maiores promessas. Hebreus 8:6  Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas
Vale a pena citar o um trecho de um ótimo artigo do Reverendo John P. Sartelle, pastor da Independent Presbyterian Church in Memphis - TN  em que ele faz uma comparação bastante coerente entre a circuncisão e batismo:
  “Considere as seguintes três perguntas à luz dos capítulos precedentes:
  1. Quando uma pessoa cria no Deus de Abraão e confiava nEle no Antigo Testamento, o que acontecia? Ele era circuncidado.
  2. Qual era o símbolo externo que representava o coração limpo no Antigo Testamento? Circuncisão.
  3. Qual era o sinal externo que marcava a entrada de uma pessoa na comunidade de crentes do Antigo Testamento? Circuncisão.
 Agora, deixe-me fazer as mesmas perguntas substituindo as palavras "Antigo Testamento " por  " Novo Testamento ":
  1.  Quando uma pessoa cria no Deus de Abraão e confiava nEle no Novo Testamento, o que acontecia? Ele era batizado.
  2. Qual era o símbolo externo que representava o coração limpo no Novo Testamento? Batismo.
  3. Qual era o sinal externo que marcava a entrada de uma pessoa na comunidade de crentes do Novo Testamento? Batismo.” [1]
2. Crianças não podem ser batizadas porque não tem como se arrepender.

Esse argumento é bastante falho, pois geralmente confunde-se o batismo de João com o batismo cristão. Estamos tratando de duas instituições diferentes.  O batismo de João era um batismo temporário, que preparava as pessoas para a vinda do Messias, aquele que batizaria com o Espírito Santo e com fogo.  Tanto é que Paulo rebatizou pessoas que haviam recebido apenas o batismo de João Atos 19:1-5: E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso; e achando ali alguns discípulos, Disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo.Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No batismo João. Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus.  Portanto o batismo de arrependimento era o batismo de João e não o batismo cristão. O batismo cristão é a inclusão da pessoa na nova aliança e consequentemente na comunidade de fé. Pelo batismo uma pessoa se entrega a Cristo para ser seu discípulo, ou seja, aprender e praticar os ensinamentos do mestre e segui-lo pelo resto de sua vida. Assim também as crianças são entregues a Cristo pelo batismo, para desde cedo serem seus discípulos. Quando o ministro asperge água sobre (ou derrama, mergulha) o batizando em nome da Santíssima Trindade, ele está declarando que tal pessoa pertence ao povo de Deus. E o mesmo vale para as crianças, que segundo o próprio Senhor, já lhe pertencem.

3. O argumento da livre escolha

Um dos argumentos mais utilizado por pais que não querem batizar os filhos, geralmente utilizado para disfarçar sua relutância em aceitar o batismo infantil, é de que desejam que o filho tome sua própria decisão quando tiver entendimento. Não vejo como esse argumento pode ser coerente com pais que levam a sério o propósito de terem toda a sua casa a serviço do Senhor. Buscam escolher a melhor escola para os filhos, a melhor alimentação, as melhores roupas, os melhores médicos nos momentos de enfermidade, mas a religião, que é o principal querem que o filho escolha?  Isso é tão incoerente quando se negar a orar por um filho recém nascido que esteja enfermo porque ele não pediu a oração ou porque não tem consciência suficiente para crer nela.  Josué 24.15 eu e a minha casa serviremos ao SENHOR. E o batismo infantil se enquadra no principio desse versículo.  Quando alguém batiza seus filhos está dizendo: “Eu e a minha casa pertenceremos ao Senhor”.

4. A Bíblia não menciona batismos de crianças.

            Depois de expormos o conteúdo acima, é natural que surja  como objeção que na Bíblia não vemos nenhuma criança ser batizada, mas antes, somente pessoas que entendiam e criam no evangelho. Mas, será mesmo que isso é assim?  Primeiramente cabe considerar que os apóstolos com freqüência batizavam famílias inteiras. Como por exemplo Lídia e sua casa (Atos 16.15) e o carcereiro de Filipos e os seus (Atos 16.33). E um dado interessante: “A primeira versão do Novo Testamento, denominada Peshita Siríaca, publicada logo após a era apostólica, traduz At 16:15 da seguinte maneira : “Ela (Lídia) foi batizada e as crianças de sua casa[2]Se não se pode afirmar que tinha crianças entre eles, não também não se tem subsídios para se dizer o contrário. Porém, me chama atenção um detalhe no discurso de Pedro no dia de pentecostes. Atos 2, 38, 39:  E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.
A Palavra grega aqui traduzida como: filhos é  teknia,. Que significa: filho pequeno ou simplesmente: crianças. Temos aqui mais uma evidencia clara de que o batismo de crianças é válido.

Conclusão

            Dificilmente um judeu piedoso do século I, aceitaria a idéia de firmar um pacto com Deus e não incluiria seus filhos nessa aliança.  O batismo infantil se harmoniza tanto com o significado do batismo, quanto com testemunhos bíblicos favoráveis a prática e também existe o testemunho histórico. Esse assunto, apesar das diversas interpretações que se desenvolveram sempre  foi um ponto comum e pacifico entre a a grande maioria dos cristãos na história. Tanto é que nesse ponto, até mesmo o herético Pelágio,  afirmou no Século IV:“Difama-se como se eu negasse o sacramento do Batismo às crianças. Jamais ouvir dizer, nem mesmo de um herético ímpio, que as crianças não devem ser batizadas. Pois não há ninguém tão ignorante a ponto de ter tal opinião”[3]. Imagino a reação dele se assistisse alguns pregadores que abundam nos canais de televisão, berrando frases do tipo: “ A Bíblia não ensina o batismo de crianças...!”  Bem antes dele, no século II, Justino Mártir já havia declarado: Cristãos de ambos os sexos, alguns de 60, outros de 70 anos de idade se tornaram discípulos pelo Batismo desde a infância”
            O batismo infantil tem sido alvo de muitas controvérsias. Eu poderia aqui citar outros documentos antigos, além de teólogos e reformadores. Mas creio que essas poucas linhas, servem para mostrar que temos respaldo Bíblico e Histórico para Batizar Crianças. Pois se as crianças, são cidadãs do Reino de Deus, conseqüentemente da igreja invisível, porque deveríamos excluí-las da igreja visível?





[1]SARTELLE, John P. http://www.ipcb.org.br/paisdevemsaber.html
[2]RODRIGO, Gecyone.  http://www.ejesus.com.br/exibe.asp?id=272
[3] RODRIGO, Gecyone.  http://www.ejesus.com.br/exibe.asp?id=272

Sejam bem vindos!

Nome do Blog.
Aletheia é uma palavra grega cujo significado é verdade, revelação e desocultação. Filosoficamente, há uma relação íntima entre a expressão aletheia, logos (discurso racional) e on (ser), palavras comumente utilizadas por Parmênides, Platão e Aristóteles. Em suma, a palavra aletheia era usada em contraposição à doxa (opinião). Teologicamente, a aletheia está relacionada com o Logos bíblico, que é o Cristo que se fez carne e habitou entre os homens (Jo 1). Ela aparece na afirmação de Jesus: "eu sou o caminho, a verdade e a vida" (Jo 14.6). Paulo também a utiliza quando diz: "porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade" (II Co 13.8).

Objetivo do Blog.
O objetivo do blog é iniciar um movimento de reafirmação dos princípios fundamentais da fé. Princípios estes que não podem ser rejeitados em função dos diferentes contextos e situações históricas em que o Cristianismo se insere nos dias de hoje.

Problematização
Desde o início do século, estamos vivenciando o cumprimento de uma "profecia" sofística de que "a doxa ocuparia o trono da aletheia" (a opinião seria mais importante do que a verdade). E, nos dias atuais,  a opinião já tomou o lugar da verdade de tal maneira que tem sido um absurdo falar sobre verdade, justiça e Revelação. Não obstante, a modernidade tardia, que após diversas tentativas infrutíferas de secularizar e desvalorizar a religião, decidiu, através de atitudes filosóficas, teológicas e políticas, infiltrar-se nos diversos setores do cristianismo relativizando o cerne da mensagem cristã e afrouxando suas fronteiras. O ceticismo, após tentar destruir a religião através de filosofias, tenta agora dialogar com a religião e com o cristianismo pelo lado de dentro, através de filosofias que pouco a pouco ganham espaço nos círculos teológicos, cuja finalidade é o alargamento da mensagem central do cristianismo até que ela não mais se sustente. Esse "alargamento" é, muitas vezes, chamado de emancipação, libertação e esclarecimento - como o era nos tempos e locais em que predominavam o idealismo - trazendo consigo uma mensagem pluralista cujos preceitos morais estabelecem apenas um foco para a maldade: a intolerância, o fundamentalismo e o conservadorismo; e um foco para a bondade: a liberdade humana. O grande triunfo dos sofistas e dos céticos, na luta contra a religião cristã, consiste em aproveitar as concepções cristãs de amor, respeito e hospitalidade como máximas para a implantação de filosofias perniciosas e autodestrutivas que, após entrar no cerne das igrejas cristãs, facilmente destrói o conteúdo desta mensagem. Além disso, o efeito fetichista desse discurso leva consigo a tônica da tolerância insinuando, implicitamente, que tudo aquilo que contraria esse discurso consiste em intolerância. Consequentemente, não há como romper com esse ceticismo que fora implantado nas teologias cristãs sem ser taxado de fundamentalista, violento, arbitrário. Ora, num mundo em que a figura do autoritário já perdeu a sua vez, depois de ter causado muitos problemas, só se sobrevive com o uso de expressões como: liberdade, tolerância, abertura, diálogo e aceitação. Expressões essas que tomaram um sentido ideológico e paulatinamente se divorciam do cristianismo.
Nesse sentido, um olhar cuidadoso e crítico a esse malabarismo de linguagem transformado em ideologia mostra que o preconceito e a intolerância estão mais presentes nessa tentativa de estabelecer a "tirania do plural e da tolerância" do que nas próprias atitudes conservadoras tão criticadas por essas tendências.  
Assim, esse blog intenta estabelecer um diálogo teológico partindo de um viés conservador, no que diz respeito à teologia, mostrando que a ênfase nos fundamentos da fé não significa, de modo algum, violência, mas uma verdadeira paz advinda de uma mensagem que não está divorciada do seu autor (Jesus Cristo) nem dos seus intuitos iniciais, a saber: o anúncio da salvação.

Simplificando...
1) O propósito desse blog é anunciar a simples mensagem cristã de que Jesus Cristo, sendo Deus, esvaziou-se de sua glória, tornou-se servo, morreu na cruz (Fl 2.6-8) para que todo aquele que crer nele tenha a vida eterna (Jo 3.16; Mc 16.16; Rm 10.13). 

2) Esse blog intenta também explicitar os fundamentos da fé cristã no âmbito do metodismo.

Se você ama a mensagem da Cruz e está disposto a proclamá-la até morrer, independentemente do lugar em que ela se inserir, está convidado a participar conosco desse movimento.

Obs.: O nome do blog deveria ser "Aletheia" ou "ta aletheia". Contudo, pelo fato de o blogger não aceitar esses nomes, tivemos que colocar, no endereço para o blog, "toaletheia".